PARANAPIACABA

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Vila Ferroviária de Paranapiacaba

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

PROJETO PEDAGÓGICO (com P maiúsculo) - VESTIBULAR

Caros,

O vestibular é uma preocupação pertinente no espaço escolar. Pais, alunos, diretores e professores compartilham este momento vivenciando situações pautadas por desafios, medos e angustias. Muitas vezes o final é feliz. Quem não deseja ser aprovado no vestibular?

Este projeto é muito interessante.
Seus objetivos estão expressos no corpo de texto.
Espero contribuir.

OBS.: Respeite o direito autoral.


DADOS DE IDENTIFICAÇÃO


Título de projeto: 
Simuladão”
Avaliação formativa em áreas                                                                        
Autores do projeto: 
Prof. Assesio Fachini Junior
Endereço eletrônico: assesiojr@uol.com.br
Prof. Fellipe de Assis Zaremba
Endereço eletrônico: fellipeazaremba@yahoo.com.br
São Bernardo do Campo, 07 de março de 2006.  

1. Título

Avaliação formativa em áreas específicas do conhecimento e desenvolvimento de temas inter, multi e transdisciplinares em de avaliações classificatórias e diagnosticativas.

2. Apresentação

            Em consonância com o projeto *** (Projeto da sua escola), na linha de trabalho do segmento CULTURAL, o presente projeto tem como proposta o desenvolvimento de situações de aprendizagem através da realização de atividade pedagógica, doravante chamado de Simuladão, com os alunos dos terceiros anos regulares e técnicos (sendo estendido, possivelmente, aos demais alunos do ensino médio). Será proposto então, uma avaliação que abranja conhecimentos das áreas de Ciências Humanas e suas Tecnologias; Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; e Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.
            Os princípios deste projeto fundamentam-se na constante avaliação do rendimento do aluno, isto é, do processo ensino e aprendizagem. Este instrumento tornar-se-á um diferencial, principalmente para o aluno concluinte do ensino médio que, inevitavelmente, passará por processos que mensurarão suas habilidades e competências, capacidades cognitivas de abstração, lógica, interpretação, teorização e proposição de soluções. Haverá, portanto, um viés para despertar no estudante – se é que esta percepção ainda não foi desenvolvida – a pluralidade do conhecimento que, em situações de processos seletivos e diagnosticativos não ocorrem de maneira compartimentada, mas de forma integrada e concatenada (HAYDT, 2003).

3. Objeto e problemática
           
            Comumente, o aprendiz vê sua própria aprendizagem como um ato passivo e de responsabilidade do professor (Gunstone & Northfield, 1992). Imbuído de conceitos e estrutura racional do senso comum o estudante espera que o professor decifre e traduza as “verdades” científicas, históricas, sociais e lingüísticas a respeito do objeto estudado.
            Talvez um dos maiores desafios para o profissional da Educação esteja em levar o estudante a ver algum sentido em estudar ou conhecer sobre algo que não lhe pareça útil ou lhe cause alguma rejeição (Ydi & Lisboa, 2003). Diversas disciplinas e conteúdos são priorizados em detrimento de outros, tal atitude resulta da construção de uma escala de valores que espontaneamente é demonstrada pelos estudantes. Muitas vezes esta distinção e valorização pode ter sido inadequadamente construída, pois um determinado conhecimento não lhe foi apresentado de modo a criar sentido e aplicação nas suas atividades (FACHINI, 2004).
Uma formação educacional que somente lhe capacite pela execução de atividades práticas (tarefas mecânicas) não atende esta necessidade. Por outro lado, ações educacionais com fundamentação estritamente teóricas, pouco aproveitamento terão nos ambientes sociais e profissionais. Faz-se necessário a justaposição destas duas maneiras de formar, para que, somadas e balizadas pelas necessidades atuais do mercado de trabalho propiciem a formação de profissionais capacitados e integralmente no exercício de sua profissão, aliadas às dimensões técnica, política, ética e estética (RIOS, 2001).
             É difícil relacionar o conteúdo programático e a realidade do estudante, pois, a maioria dos educadores foi instruído através de sistemas de ensino que estimulavam a repetição da informação e não a reflexão associativa que estabelece uma profícua relação entre o conhecimento e o cotidiano.

Desde muito cedo nos ensinam a analisar os problemas fragmentando o mundo. Pode parecer que isso facilite as tarefas complexas, mas sem sabermos pagamos um preço enorme. Já vemos as conseqüências disto nos nossos atos; perdemos nossa conexão com uma totalidade vasta. Quando tentamos ver a “imagem geral”, tratamos de separar novamente os fragmentos, enumerar e organizar todas as peças. Mas... esta tarefa é inútil: é como montar os pedaços de um espelho quebrado para ver um reflexo fiel. Ao final do tempo desistimos de tentar ver a totalidade (SENGER, 1995).

            A instituição de ensino e o educador devem propiciar ao aluno-cidadão condições para o desenvolvimento das suas totais e plenas habilidades, não somente profissionais e intelectuais. Trata-se assim de formar profissionais mais conscientes, comprometidos, participantes e capazes de utilizar suas habilidades intelectuais em favor do desenvolvimento de uma sociedade mais justa, na qual os valores éticos e morais para o bem comum sejam praticados (FREIRE, 1993).
            Relatos de Antonie Laurent Lavoisier, do século XVIII, considerado o pai da Química Moderna, ilustra uma crítica às metodologias de ensino (BENSAUD-VINCENT, 1990). Lavoisier concluiu um de seus manuscritos com o seguinte diálogo:
                                  
                                   Antes de começar a ensinar, duas perguntas devem ser feitas aos estudantes:
                                   - O que vocês sabem?
                                   - O que vocês querem saber?

            Enquanto essas perguntas – e principalmente, suas respostas – não forem consideradas relevantes para o processo ensino-aprendizagem, os nossos estudantes continuarão a enfrentar, no século XXI, os mesmos problemas citados por Lavoisier no XVIII (YDI & LISBOA, 2003). Portanto, para o desenvolvimento do pensamento científico, ao verificar o que os estudantes sabem, certamente o professor diagnosticará bases estruturadas no senso comum e ao questionar o que os estudantes querem saber, abre espaço para o diálogo, para a identificação das reais necessidades e neste momento deve assumir a postura de orientador dando um rumo e direção na construção do conhecimento.
           
3. Quadro teórico

            Uma das maiores dificuldades em ministrar aulas com qualidade – entende-se por qualidade a participação, interesse, ordem, relacionamento, valorização, entusiasmo e outras características relevantes – é o aspecto disciplinar dos alunos e, talvez, a falta de interesse e motivação, o que tornam as aulas desgastantes e com pouco aproveitamento.
            Com a proposta da realização do projeto Simuladão pretende-se demonstrar aos alunos a importância dos conhecimentos adquiridos e a aplicação:
a) DIRETA: nos futuros vestibulares e avaliações governamentais como o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio);
b) INDIRETA: nas relações e sociais onde são fundamentais e de profunda relevância os conhecimentos acadêmicos adquiridos ao longo da vida escolar.
             
                        O saber é algo além da capacidade de decodificação de letras e símbolos (FREIRE, 1993).

            A utilização desta atividade diferenciada auxiliará nas estratégias de relação com a sala, criará maior motivação e compromisso com os alunos, além de melhor prepará-los com as ferramentas e metodologias já utilizadas regularmente pelos educadores desta instituição.
           
4. Fontes, procedimentos e etapas

            Para a realização deste projeto, propõe-se que as questões sejam elaboradas de maneira integrada e que possam abranger temas multidisciplinares fomentando assim a integração do saber. Além dos conhecimentos do núcleo comum (Língua Portuguesa, Inglês, História, Geografia, Química, Física, Biologia e Matemática) haverá significativa contribuição das áreas diversificadas (Filosofia, Sociologia, Desenho Geométrico e Educação Artística). Portanto, as questões compreenderão temas e assuntos em que, para se alcançar a solução, será necessário recorrer às diversas áreas do conhecimento.



4.1 Quanto à realização e calendário

            Sugere-se que o Simuladão ocorra em períodos determinados em alternados dias da semana para não haver prejuízo e defasagem nas aulas.
            Possíveis datas para a realização:
            20/04 – quinta-feira
            31/05 – quarta-feira
            29/08 – terça-feira
            20/10 – sexta-feira
            As datas acima são apenas sugestões, devendo haver uma consulta à direção, professores, secretaria e comunicação.

4.2 Quanto à elaboração e correção

            É sugerida a formação de um comitê de professores que, a cada Simuladão, serão responsáveis pela elaboração e correção das questões e divulgação das menções. As questões serão elaboradas pelos professores das áreas e encaminhadas para este comitê.

4.3 Quanto à menção e aproveitamento das notas

            Sendo o Simuladão formado por 32 questões e a redação (ambas as partes com valor de 0,0 a 10,0), a nota final será calculada pela seguinte equação:

Média = [ (número de acertos : 3,2) + (nota da redação) ] : 2
           
            Esta média será uma menção de comum aproveitamento em todas as disciplinas devendo ser considerada na média final do bimestre.

4.4 Quanto às questões

            São recomendadas quatro questões por área do núcleo comum e um tema para a redação, havendo ainda a possibilidade a partir deste tema a organização de todas as questões que devem apresentar características que possibilitem a discussão e meça as habilidades e competências de nossos estudantes.
            Um bom exemplo de questão em Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias é demonstrada a seguir:

Segundo a organização mundial de estudos ambientais, em 2025, “duas de cada três pessoas viverão em situações de carência de água, caso não haja mudanças no padrão atual de consumo do produto”.
Uma alternativa adequada e viável para prevenir a escassez, considerando-se a disponibilidade global seria:

a) desenvolver processos de reutilização de água.
b) explorar leitos de água subterrâneos.
c) ampliar a oferta de água, captando-a em outros rios.
d) captar águas pluviais.
e) importar água doce de outros estados.
           
            São pouco recomendadas questões que evidenciem apenas o conhecimento de conteúdo isolado e pouco integrado, como o que é avaliado no exemplo a seguir:

Em um concurso hípico o cavalo pára bruscamente defronte ao obstáculo. O cavaleiro é arremessado para a frente devido. A lei da física que explica esse fenômeno é a 1° lei de Newton que é conhecida como:

a) conservação de energia cinética.
b) ação e reação entre corpos.
c) atração gravitacional da Terra.
d) inércia.
e) cinética.

4.6 Quanto ao investimento

            Os investimentos estão relacionados com as horas de atividades dos docentes que irão compor o comitê, desde as reuniões de elaboração e preparo do Simuladão, assim como a sua correção e divulgação das menções de aproveitamento.
            Há ainda investimentos em cópias dos cadernos de provas e material de comunicação para sensibilização e motivação dos alunos.

5. Considerações finais

            A avaliação é, hoje em dia, uma atividade constante na prática de profissionais de diversas áreas. Também no campo da Educação o tema está presente em vários níveis: existe a avaliação do sistema escolar como um todo, a avaliação da escola, do currículo e do processo ensino e aprendizagem. Este projeto é uma tentativa de proporcional uma atividade que fomente entre os alunos e professores uma ação de reflexão sobre o papel, responsabilidade e contribuições para o sucesso da formação acadêmica e profissional.

6. Referências

BENSAUD-VICENT, B. A view of the chemical revolution through contemporary textbooks: Lavoisier, Fourcroy and Chaptal. British Journal of the History of Science, Kenston, v.23, p. 435-460, 1990.
FACHINI, Assesio Jr. et alli. Utilização do estágio supervisionado como ferramenta diferenciada na Prática de Ensino de Química. In: XII Encontro Nacional de Ensino de Química, 2004, Goiânia. Anais do Encontro, trabalho número 268. Goiânia: 2004.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. Ed. Cortez. São Paulo, 1993.
GUSNSTONE, R. F., NORTHIFIELD, J. Conceptual change in teacher education: the centrality of metacognition. Symposium conceptual change approaches in teacher education at meeting. American Education Reserch Association. San Francisco, 1992.
HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino aprendizagem. Ed. Ática. São Paulo, 2003.
RIOS, Therezinha Azeredo. Compreender e ensinar: por uma docência de melhor qualidade. São Paulo: Cortez, 2001.
SENGER, P. M. La Quinta Disciplina. Editorial Juan Graneca. Argentina, 1995.
YDI, Simone Jaconetti; LISBOA, Julio C. Fosquini. Uma proposta para o desenvolvimento integrado das disciplinas de Química Analítica Qualitativa e Química Inorgânica fundamentado em projetos e valores – o papel do aluno e do professor. Revista Fundação Santo André, Santo André, n° 2, p. 97-110, 2003.



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