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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

AVALIAÇÃO ESCOLAR E ÊNFASES AVALIATIVAS

Olá colaboradores do Blog e simpatizantes da educação,

Há dois anos escrevi um texto sobre avaliação. Agora quero retomar a discussão de um tema muito complexo e importante. Não proponho concluir ou esgotar o tema, mas ampliar a discussão e contribuir.

Boa leitura!



AVALIAÇÃO ESCOLAR E ÊNFASES AVALIATIVAS
Por Fellipe de Assis Zaremba

No espaço escolar e no universo acadêmico a literatura sobre avaliação é algo pertinente presente em muitos livros, jornais e revistas de cunho pedagógico que quase nos coloca na condição de supor em uma problemática existencialmente exaurida. Contudo, procuro aqui apresentar uma visão de conjunto que oriente a prática avaliativa em sala de aula, abordando todos os aspectos categóricos a cerca da avaliação com devido cuidado para não construir análises deturpadas ou intencionadas. 
Recordo que a maioria dos professores não tem uma preparação[i] específica para praticar a avaliação ou não possuem acesso a tal literatura por questões endógenas, constituídas historicamente e visualizadas, portanto em sua prática de ensino e exógenas agremiadas a má formação acadêmica. Ebel (1991) salienta que é necessário discutir a avaliação educacional como uma das formas de acompanhamento das atividades do aluno com o objetivo de promover a sua progressão esclarecendo quethe importance of evaluation for guidance, planning and replanning of education, emphasizing, on the other hand, the integration of assessment in education and its importance in the assessment of different learning and self development of students” (EBEL, 1991 p. 46).
Neste sentido estabeleço algumas orientações que julgo importante para a realização de uma avaliação propedêutica e distinta que prefiro enumerá-las a discutir-las de forma dissertativa, uma vez que o intuito aqui é expor ênfases de avaliação sob as seguintes categorias explicitas:

1.     A avaliação deve ser em primeiro lugar avaliação dos resultados pretendidos, distinguindo obrigatoriamente objetivos didáticos de conteúdos. Nesse sentido conteúdo é a matéria, o que estudamos e aprendemos quantitativamente. Por outro lado, o objetivo expressa como oferecer este conteúdo.
2.     A avaliação deve ser formativa na medida em que sua ação ofereça subsídios para informar erros e correções a tempo sob a ótica do processo de ensino e aprendizagem com vistas a questões ontológicas[ii], captando a especificidade da educação no interior do metabolismo sócio-histórico e em relação mediata com a produção material.
3.     A cerca do método de avaliação, do como avaliar, condiciona o aluno a como estudar e neste sentido as avaliações do tipo teste ou exames devem ser condicionantes a questões de qualidade e satisfação para alunos e professores. Necessários mecanismos para esta aferição são encontrados em diversos textos de diversos autores tais como
4.     O processo de avaliação não deve terminar em classificações extensas e relatórios classificatórios sem destino algum. Os resultados devem contribuir qualitativamente o processo de ensino e aprendizagem, revelando de forma significativa a relação do aluno com os conceitos e do professor com os conceitos abordados no espaço pedagógico.
5.     A prática[iii] do professor, sua postura e percepção podem contribuir para o fracasso ou sucesso do processo de avaliação. Processo este que deve estar associada às vantagens ou limitações de alunos. Além disso, a avaliação é um resultado de duas práticas: aluno aprendiz e professor orientador. Não se trata de afirmar que os professores agem de forma consciente diante da avaliação e rejeitam seus postulados, mas sim, que há elementos em sua prática cotidiana que os levam a  agir de uma forma que dificulta ou favorece a avaliação. Ou seja, suas práticas estão arraigadas em uma forma de se pensar a educação que não se altera de forma imediata. Pensar a avaliação para muitos professores implica na assimilação pelo aluno de conhecimentos que são organizados na forma de conteúdos. Conhecimentos esses que devem ser avaliados periodicamente. Modificar essa “forma” como a escola pensa a avaliação não é tarefa fácil.
6.     Tudo que é avaliável não é qualificável (MORALES, 2003.) e se faz necessário destacar a dicotomia entre produtor e reprodutor de conhecimento, prestando atenção efetivamente no que não é uma avaliação de conhecimento, tratando como objetivos didáticos o start[iv] da avaliação.

A escola é o lócus da avaliação, é o espaço de expressão dos anseios e necessidades dos educadores, alunos e da sociedade, pois é uma instituição estabelecida para fins de socialização e transmissão da cultura. Mas ela é também espaço de disputa e de poder. Ameaças a essa situação desencadeiam reações as mais diferentes. A primeira delas diz respeito aos professores, sua formação e suas práticas estabelecidas historicamente, pois para o professor, por exemplo, a mudança proposta pela reforma no que tange a avaliação pode adquirir o sentido de uma ameaça à sua identidade profissional, ao seu posto de trabalho, sua concepção pedagógica ou, ao contrário, uma possibilidade de desenvolvimento profissional e intelectual favorecendo o trabalho coletivo e cooperativo, a autonomia, a democratização das relações no interior da escola e de suas relações com a comunidade.
Neste sentido a avaliação não deve ser entendida como ponto final do processo de ensino e aprendizagem, mas como uma parte do processo que denota a relação do professor e do aluno com os objetivos didáticos coerentes com seu próprio contexto.
A avaliação pode ou não oferecer como efeito ou função:

·         A mensuração qualitativa e quantitativa do que conseguimos de fato com os objetivos didáticos, tanto os atingidos como os não atingidos;
·         Oferecer notas ou menções;
·         Condicionar o quê e como estuda o aluno (questão de formação do aluno) A maneira mais rápida de mudar o estilo de estudo dos alunos é mudar o sistema de avaliação. Pense nisso!
·         Consolidar o que foi aprendido;
·         Orientar, motivar ou desmotivar;
·         Informar sobre os erros (desde que não seja tarde demais)

Por fim, faz-se necessário destacar a diferença entre avaliação formativa e somática ou somativa que quando mal interpretadas podem perder suas propriedades qualitativas:

1.      Avaliação somática ou somativa: constituída pelos exames finais que aplicamos aos alunos para verificar a situação de aprendizagem. É uma nota final dada a cada aluno a partir do seu merecimento.
2.      A avaliação formativa tem como finalidade fundamental informar as duas personagens do processo de ensino e aprendizagem, professor e aluno respectivamente, no meio do caminho a partir de um reexame suas aferições pedagógicas.

Nessa ótica a avaliação deve incluir variáveis não estritamente cognitivas a fim de oferecer instrumentos que ensine o aluno a pensar. Por outro lado, poderá ajudar o professor a mediar os objetivos didáticos convidando os alunos a refletirem seus próprios valores com responsabilidade. Cabe neste trabalho somar a importância da família. Mas ai é uma discussão para outro texto ou então cabe a participação dos leitores deste blog.

Referências

EBEL, Robert L., FRISBIE, David A, Essentials of  education Meassurement, 5 ed. Englewood Cliffs: Pretice Hall, 1991
SUND, Robert B., PICARD, Antony J. (1976) Objetivos conductuales y medidas de evaluacion, ciências y matemáticas, México, Trillas.
LESSA, Sérgio. A ontologia de Lukács. Maceió: EDUFAL, 1996.
ZAREMBA, Fellipe de Assis Zaremba. O modelo de competências, Mundo do Trabalho e Educação: implicações para o currículo (Provisório), Ano de Obtenção: 2009.

[i] SUND, Robert B., PICARD, Antony J. (1976) Objetivos conductuales y medidas de evaluacion, ciências y matemáticas, México, Trillas.
[ii] LESSA, Sérgio. A ontologia de Lukács. Maceió: EDUFAL, 1996.
[iii] ZAREMBA, Fellipe de Assis. Reforma da Educação Profissional:
[iv] EBEL, Robert L., FRISBIE, David A, Essentials of  education Meassurement, 5 ed. Englewood Cliffs: Pretice Hall, 1991.


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